sábado, 20 de agosto de 2011

É possível que tenhamos herdado a desorganização financeira dos nossos pais e avôs, mas não que tenha sido culpa deles...

Nós brasileiros, num passado não muito distante, digamos nos últimos 50 anos, passamos por períodos político-econômicos bem conturbados. Golpe militar, censura e repressão; mudanças de moeda e uma diversidade de planos econômicos; governos não transparentes que alimentavam um "monstro" chamado inflação e onde raros eram aqueles que tinham o privilégio de saber os segredos das políticas econômicas adotadas. 

Esse contexto, fez com que a maioria da população ativa desse período não tivesse tempo hábil, maturidade nem a consciência para organizar suas finanças. Ao contrário, essa maioria teve que correr para garantir o acesso às necessidades básicas à vida, e em busca do sonho da televisão (anos 60), do carro (anos 70), do telefone (anos 80)...e principalmente do sonho da casa própria (esse que perdura até hoje).

As benécias dos períodos antes dos anos 90  foi que eles serviram para fazer o Brasil evoluir de uma país de terceiro mundo, para um dito emergente. Sendo suprapartidário, acredito que o amadurecimento da democracia brasileira (afinal eu com 38 anos votei para presidente a mesma quantidade de vezes que meu avô de 90 anos votou), atrelada à necessidade de se globalizar enquanto nação, e a evolução das tecnologias de informação e comunicação catalizaram a formação de uma nova geração: de que não basta ter atendidos os seus sonhos materiais, mas também seus sonhos intangíveis, por exemplo de qualidade de vida.

Um caminho natural dos países que ocupam o chamado primeiro mundo é ter uma população financeiramente educada (que não busca apenas ganhar mais e gastar menos, e sim que tem objetivos materiais e imateriais a alcançar de forma planejada, e de modo a viver a vida sem o estresse de dívidas). O nível de educação financeiro de um país reflete também o seu potencial de se auto-financiar, que faz com que os mais ricos financiem os mais pobres e reduza as discrepâncias sociais.

Então, é natural que nos últimos anos tenhamos mais brasileiros não apenas poupando dinheiro (crédito na poupança), mas também já investindo em: fundos de renda fixa,  certificados de depósitos, títulos do tesouro nacional e na bolsa de valores. No entanto, estamos ainda engatinhando no saber: medir quais são os nossos custos mensais, qual o investimento é mais adequado aos nossos objetivos, se é ou não vantajoso acumular uma dívida que cabe no nosso orçamento, se devemos ou não ter uma previdência privada.

Para isso, é necessário ter determinação para passar por um processo de reeducação de como lidar com as finanças. É semelhante a ter determinação para seguir o tratamento definido por um nutricionista para reeducar sua forma de se alimentar quer seja para emagrecer, ganhar massa muscular, ou minimizar as chances de ter uma doença crônica.

Enfim, se nossos pais e avôs não tiveram a chance de passar por uma reeducação financeira, a atual população ativa brasileira tem essa oportunidade. E caso consigamos, nossos filhos e netos provavelmente terão Educação Financeira como uma disciplina escolar essencial para o mundo contemporâneo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário